Estrelas brilham, mastigam lixo - Reuben

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Estrelas brilham, mastigam lixo

Reuben

 

"De tempos em tempos surge no céu poluído da poesia brasileira um objeto voador não-identificado, e muitas vezes perdemos tempo durante o seu voo discutindo o que será: pássaro, avião, balão meteorológico, destroço de sonda espacial. São escritores-artistas que por interesse e paixão (têm paixão), menos se recusam a engavetar-se do que simplesmente se desencaixam de nossas classificações, tão afeitas a animais empalhados e espécies extintas. No pós-guerra, basta pensar em ‘O Mez da Grippe’ de Valêncio Xavier, ‘Jornal Dobrabil’ de Glauco Mattoso, ‘Decálogo da Classe Média’ de Sebastião Nunes, no Poemanto de Ricardo Aleixo, nas performances de Philadelpho Menezes e do duo Tetine, e raro etcétera. Nessa linhagem de ninhos no estranho é que se aconchega o cavalodadá do folhetim ‘Siga os sinais na brasa longa do haxixe’ em seis fascículos, objeto ainda à espera de uma edição mais larga e de recepção crítica.

Desde então, e esse livro que o leitor tem em mãos parece-me comprovar a sensação (é um livro para sensações), o trabalho de Reuben se depurou de uma forma que parece se anunciar já em seu nome. Dos poemas de certo cavalodadá vulgo Reuben da Cunha Rocha, que primeiro publiquei na revista ‘Modo de Usar & Co.’, passamos aos de Reuben da Rocha e agora aos deste Reuben, tão entregue ao essencial de uma existência honesta. Não que tenha se tornado um outro. Procedimentos que o autor herdou da performance milenar de palavras estruturam esse ‘estrelas brilham, mastigam lixo’ tal como estruturavam seu trabalho há tempos, como a anáfora de um poema já publicado anteriormente e que agora retorna no corpo total desse livro: “Praça do Sol às 3 da tarde”. No entanto, como poemas dialogam entre si, roçam-se e soltam faíscas, transformando uns aos outros, foi como ler este poema pela primeira vez. E eu me pergunto que iluminações recentes acometeram o autor para chegarmos a esse despojamento novo, não formal, mas que vai ao cerne do que une forma, conteúdo, visão-de-mundo: esse conglomerado que chamamos eufemisticamente de voz-do-poeta. Pois esses poemas de Reuben me fazem pensar que talvez seja mais do que a voz do autor: é seu próprio corpo em roçadura com o planeta. E esse roçar evoca tanto o ato erótico de tocar de leve, quanto a violência do cortar rente da capinagem.

O que os anos parecem ter dado ao poeta eu chamaria de aguçamento dos contrastes, já enunciados no título, entre a estrela e o lixo. A paisagem urbana sempre foi cara a Reuben, especialmente por suas influências culturais, em especial as musicais. Mas a paisagem urbana parece evaporar-se de certa forma, no conjunto do livro, em choque com a celebração constante de uma natureza potente que insiste em brotar, florescer, e, principalmente, entrar em cio. O tom mais escancaradamente erótico de vários poemas é uma transformação no trabalho do autor. A figura feminina que se ergue como protetora e anunciadora da fertilidade de tudo. Se o maranhense sempre se mostrou aberto, como poucos, às contribuições da tecnologia ao trabalho poético, não só contraste de luzes há nesse livro, mas uma característica muito brasileira de busca pelo equilíbrio entre o moderno e arcaico. Ao som de loops, que cresçam as macaxeiras. O saci e o skank. O rasta e o astronauta. O louvor do corpo e do qorpo. Há um expandir-se e retrair-se nesse livro, como o pulmão que se infla e desinfla, ou como o poeta sugere que, sobre territórios, se indague o oceano das ondas retráteis. Um livro para um ócio e para um agarro. O corpo, leve ou teso. E se a poesia erótica pode parecer por vezes exigir a tensão de partes do corpo que se enrijecem, na última parte do livro, “risonha”, sinto algo novo para essa tradição na forma como Reuben insinua que há paz na tesão. Que assim seja. "

 

Ricardo Domeneck

Berlim, agosto de 2019

 

ISBN: 9788593478161

Ano: 2019

Formato: 14x21

Número de páginas: 108

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